O regresso às aulas mexe com as suas emoções?

Para muitas crianças, o regresso às aulas está associado a sentimentos positivos de alegria e entusiasmo, antevendo a convivência com os amigos da escola. Porém, o medo do desconhecido – novos colegas ou professores, exigência dos conteúdos académicos, entre outros – pode despoletar sentimentos de ansiedade nas crianças e, consequentemente, nos seus pais.

Se é pai ou mãe de uma criança prestes a regressar às aulas, considere três aspetos importantes a ter em conta: rotinas, relação e responsabilidade. Vejamos:

Rotinas

Alguns dias antes de a escola começar, volte a incentivar o seu filho à rotina diária do tempo de escola, por exemplo, aos horários de dormir e de levantar habituais, cumprindo com o período expectável de descanso. Voltar à rotina inclui introduzir, de forma gradual, as atividades funcionais relacionadas com os períodos de higiene e horários das refeições diárias. Porque não sugerir ao seu filho que volte a preparar os seus lanches da manhã ou da tarde?

Falar de rotinas é também falar de regras que permitem clarificar à criança o que é e não permitido, e regular o seu comportamento. É sempre bom relembrar, em fase de mudança de rotina, que devem ser antecipados e acordados os horários de utilização dos gadgets, sem prejuízo nas rotinas – trabalhos de casa, tarefas domésticas e momentos de interação e lazer em casa. E porque uma das melhores formas de liderar, é pelo exemplo, enquanto pai/mãe deixe, também, as tecnologias de lado nos momentos-chave que lhe permitem desfrutar da partilha e união, por exemplo, à hora do jantar.

Relação com a criança

Explore junto do/a seu/sua filho/a quais os receios relacionados com o regresso à escola. Procure adotar uma postura de escuta ativa nas conversas, encorajando-o/a a expressar as suas emoções e a enfrentar os seus medos. Sempre que possível, relembre-o/a de experiências positivas prévias com colegas, professores ou em atividades desenvolvidas na escola. Relembrar vivências positivas ou momentos de superação de obstáculos numa atitude empática e de não julgamento ajuda a manter uma relação próxima e de confiança mútua, para além de promover a sua autoconfiança da criança.

Acima de tudo, procure ser um ponto de comunicação segura, clarificando que está disponível para escutar e que continuará a esforçar-se para assumir uma atitude assertiva perante as partilhas. Lembre-se do que nos tem mostrado a investigação: muitas vezes as crianças evitam falar de temas “mais sensíveis” quando se sentem julgadas.

E porque falamos de comunicação e de uma relação próxima e apoiante com o/a seu/sua filho/a, fica a sugestão: faça-lhe questões abertas em relação ao assunto que o preocupa, procurando conduzi-lo/a às suas próprias decisões. Sabemos que, por vezes, é mais fácil para os pais seguirem o impulso de darem sugestões à criança, de como resolverem os seus problemas ou preocupações. Mas se a deixar chegar às suas conclusões fazendo-lhe questões gerais (Ex: o que poderás fazer para reduzir esse desconforto?) contribuirá para uma maior capacidade de regulação cognitiva e emocional, tomada de decisão e resolução de problemas.

Responsabilidade

O regresso às aulas vem acompanhado de expetativas, por parte dos pais e dos filhos, e nelas se incluem ideias pré-concebidas acerca do próximo ano letivo. O rendimento académico é frequentemente foco de pré-ocupação e pode voltar com mais intensidade. O foco na performance académica e na obtenção de bons resultados às disciplinas é muito mencionado por alunos e pais; ter boas notas impacta positivamente na autoconfiança das crianças e, a manter-se, representa maiores possibilidade de escolhas no futuro. No entanto, antecipe junto do/a seu/sua filho/a contextos dentro e fora da escola que promovam o desenvolvimento de outras competências igualmente importantes: sociais e emocionais. São estas habilidades e capacidades que, ao longo do tempo, permitirão à criança conhecer-se, descrever-se, expressar-se em grupo, tomar decisões e gerir situações de maior stress.

Assim, para além de incutir no seu filho competências de responsabilidade no que respeita ao estudo, incentive-o a fazer parte de grupos, clubes ou associações que apelem à empatia, respeito por si, pelo outro e pela diversidade. Conhecer-se a si mesmo e ao outro é um dos pontos de partida para escolhas seguras e responsáveis em contextos como a escola.

Que estes três “R’s” vos possam ser úteis neste regresso às aulas!

Autoria: Raquel Pinheiro

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